Paraíba notifica 404 casos de esporotricose em humanos e doença é considerada epidemia

A Paraíba já notificou 404 pacientes com sintomas de esporotricose, desde o ano passado. A doença é contagiosa e acredita-se que ainda haja subnotificação. Um grupo de trabalho foi criado no âmbito do Ministério Público da Paraíba para acompanhar as ações de enfrentamento ao surto epidêmico de esporotricose no Estado.

Ontem, uma reunião coordenada pela 49ª promotora de Justiça de João Pessoa, Jovana Maria Silva Tabosa, e representantes das secretarias de Saúde do Município e do Estado, do Hospital Universitário Lauro Wanderley, do Conselho Regional de Medicina Veterinária, além de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba, da Fiocruz e do Ministério Público Federal, definiu que serão reforçadas as ações de divulgação de informações, o trabalho de prevenção e combate à esporotricose.

Cada órgão, como secretarias de saúde e Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), que atende casos de esporotricose humana no Estado, deve cumprir as ações sob sua responsabilidade no enfrentamento à doença. Também é importante a interlocução dos órgãos com os profissionais de saúde e com a sociedade para esclarecer sobre a doença, que, mesmo sendo nova, já é tratada como epidemia, sendo sua notificação compulsória, no Estado.

Representantes do hospital e da Secretaria de Saúde de João Pessoa informaram que tem havido entraves no Ministério da Saúde para dispensação do Itraconazol (medicamento usado para tratar humanos) e apresentaram um fluxo de atendimento e tratamento de pacientes, como também para obter a medicação junto ao MS e proceder a formalização da notificação dos casos. Foi criada uma ficha específica para notificação e o serviço de saúde se comprometeu em informar os dados pelo sistema FormSUS, nos próximos dias.

Cuidados com os animais    

O grupo de trabalho e acompanhamento da esporotricose destacou, ainda, a importância do envolvimento da sociedade no enfrentamento da doença em animais e no meio ambiente.

A transmissão da doença ocorre de animais para o homem ou do meio ambiente para o homem. Mas o animal, principalmente o gato, é tão vítima quanto o humano, porque o fungo está no meio ambiente.

A médica veterinária, Suely Ruth Silva, informou que nem todo animal doente que arranha ou morde uma pessoa, necessariamente, passa a doença para ela. Ela lembrou que os felinos têm uma deficiência imunologia e hábitos que fazem com que estejam mais vulneráveis ao fungo (esporos). Ela também explicou que não há transmissão entre humanos, que pegam a doença por meio de uma porta de entrada às vezes microscópica (furada, arranhão) em contato com o fungo presente em lesões de animais ou no meio ambiente.

Eutanásia, esterilização e incineração  

De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária, todos os profissionais inscritos no CRMV foram informados sobre a necessidade de que seja feita a esterilização de todos os animais doentes, bem como a incineração dos bichos mortos com suspeita da doença. As carcaças, de maneira alguma, podem ser enterradas (como alguns donos de animais estão fazendo), para que não haja a proliferação dos fungos.

O Centro de Zoonoses de João Pessoa está realizando a esterilização de animais, como uma medida para evitar o aumento da população e o abandono. Nos casos de animais doentes sem condição de tratamento, é feita a eutanásia e a incineração das carcaças.

Clickpb

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